Nos embalos do histórico da favela

Hoje o blog preparou uma playlist com as músicas que embalaram a apresentação: Favela – A Universidade Onde Deus é o Reitor, do curso de Mecânica. Diversos ritmos e gêneros foram introduzidos na performance do curso, conferindo à abertura um caráter multifacetado e diverso, estes bastante coerentes com o tema proposto. As músicas são entoadas desde Clara Nunes à Anitta, contudo, essa convergência de ritmos e gêneros não desequilibrou a harmonia da apresentação, na verdade, demonstrou a pluralidade da história da favela. Então, ponha seus fones ou aumente sua caixa de som e prepara-se para se emocionar e dançar muito:

Canto das Três Raças – Clara Nunes
‘’ Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil’’
            
Talvez uma das músicas mais emocionantes da abertura. Clara Nunes dá voz ao povo estigmatizado pelas atrocidades ocorridas no período escravista do país, bem como aos movimentos de caráter popular desse contexto histórico. Essa música é usada logo na introdução da apresentação, onde é retratado o início da marginalização do negro no Brasil colônia. Marginalização esta que concentrou os negros em habitações populares que, no decorrer da história, formaram as favelas.

They Don’t Care About Us – Michael Jackson
’Michael, eles não ligam para a gente!’’
            
A icônica frase que introduz a música do Rei do Pop resume bem o descaso que é feito com o povo das favelas pelos órgãos governamentais. A música trata da violência e do preconceito contra a favela, sendo esta, lar de povo resiliente e resistente, que enfrentam as adversidades do dia a dia com um sorriso no rosto. Eles não procuram privilégios, apenas que seus direitos básicos sejam assegurados e respeitados.







Ela é Bamba – Ana Carolina
‘’ A mestiça é todo gás. Cada braço é uma viga do país’’’
           
A terceira música da abertura entoa toda a pluralidade da mulher brasileira. A brasileira é versátil, principalmente as das favelas, que, além dos afazeres domésticos, encontram tempo para cuidar dos filhos e, muitas vezes, trabalham para prover uma vida digna para a família, isso sem largar o samba no pé nos seus momentos de lazer. Sexo frágil? Não mesmo.



Cidadão – Zé Ramalho
‘’ Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar’’

Os braços do povo nordestino e nortense também foram determinantes nas construções das grandes metrópoles, entretanto, não foram devidamente creditados por terem provido todo o conforto e beleza das cidades, na verdade, foram também marginalizados, jogados à margem da sociedade. A música de Zé Ramalho reforça a importância da mão de obra do povo que hoje habita os grandes centros urbanos que são as favelas.






Construção – Elis Regina
‘’ Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego’’

Mais uma música que critica o descaso da população com as classes mais baixas, em especial, o proletário. Eles são invisibilizados e têm suas vidas banalizadas pelo resto da sociedade elitizada. A música narra o cotidiano de um pedreiro que arrisca-se dando forma às construções projetadas para a beleza da cidade. O proletário começa surgindo tímido nas ruas da cidade, até sua ascensão nos arranha-céus e, por fim, sua morte, que é mais vista como um obstáculo na correria cotidiana da sociedade.

Medley: Baile de Favela / Catraca / Show das Poderosas / Rap das Armas / Favela (Enredo da São Clemente)
            A abertura não foi constituída apenas de críticas sociais. Foi reproduzido, também, o caráter lúdico e alegre característico das favelas. O instrumental de Baile de Favela, do MC João, levou toda a arquibancada à loucura, seguido pelo hit da Banda Uó, Catraca, que animou ainda mais a todos. O Show das Poderosas e o Rap das Armas, respectivamente da cantora Anitta e da dupla Cidinho e Doca, foram os hits seguintes que envolveram toda a Favela da Catraca e contagiaram a plateia. Para encerrar a apresentação, foi introduzido o samba enredo da São Clemente, Favela, que valoriza a identidade do povo concebido à margem social. Sim! Favelados com orgulho.  




Por: Ítalo Medeiros





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